Boas,
Estou a considerar comprar um BMW serie 3 com o motor 4 cilindros 2L turbo que penso se chama B48.
Este motor tem injecção directa e parece-me a mim que a injecção liquida de GPL faria todo o sentido.
Fiz pesquisa mas não encontrei nenhum fabricante com um kit de injecção liquida para este motor.
Será que alguem sabe quem podera ter um kit, e se este sistema funciona bem como a teoria promete?
Obrigado
João B
Injecção líquida
Moderator: chorao
Re: Injecção líquida
Seja bem-vindo, @JoaoB.
Tomei a liberdade de mover o tópico para este fórum porque me parece mais adequado.
A sua pergunta faz todo o sentido.
A injeção direta líquida, ao utilizar os mesmos injetores da gasolina, permite manter todas as características e vantagens da injeção direta.
Todavia a sua implementação prática acabou por "esbarrar" com um problema(que por sua vez acarretou uma série de outros): o propano tem, ao contrário dos hidrocarbonetos que constituem a gasolina, e mesmo do butano, um coeficiente de dilatação térmico bastante elevado. Isto é, o volume ocupado por uma dada quantidade de propano varia muito com a temperatura(por isso é que os depósitos têm uma limitação de enchimento a 80%). Ora as temperaturas nos rails também variam muito durante a operação do motor, o que provocava pressões extremamente elevadas dentro do sistema de alimentação de combustível, sobretudo quando se desligava o motor, e deixava de haver recirculação de combustível.
Isto por sua vez levava a problemas de fiabilidade de curto-prazo (nomeadamente no arranque, alguns carros chegavam a arrancar apenas depois de vários minutos a rodar o motor de arranque) e de longo prazo(a nível de injetores e sobretudo bombas injetoras).
Para resolver este problema foram feitos no instalador FrontFuels uma série de testes com várias composições de GPL(% de mistura propano-butano) que me permitiram concluir que, para o nosso clima, no máximo poderíamos ter uma % de propano de 30% para que os sistemas de injeção direta líquida de GPL funcionassem bem com todos os códigos de motor.
Ora isso implicaria uma alteração da composição do GPL-Auto que passaria a ter características muito mais restritas(como acontece com a gasolina), o que nunca foi implementado pelos fornecedores, pois na altura a distribuição de GPL-Auto e de propano comercial era feita de forma indiferenciada.
A outra solução possível implicaria a instalação de um sistema de alimentação de combustível dedicado para o GPL-Auto no kit de GPL, em que apenas seriam utilizados os injetores da gasolina. Ora isto tornaria o custo do kit (que já na altura rondava os 2500-3000€) ainda maior, tendo a única empresa que se mostrou empenhada em "salvar" a injeção direta líquida(a Vialle) acabado por abrir falência antes de comercializar um kit com estas características.
Para além destas diferenças uma outra que identifiquei foi o da muito menor lubrificidade do GPL quando comparado com a gasolina, o que também poderia acarretar problemas a longo-prazo, sendo que a solução poderia passar pelo uso de aditivos.
Resumindo, de um ponto de vista prático e económico, a utilização de kits de injeção gasosa(indireta) em carros equipados com motores de injeção direta acabou por prevalecer. Acresce que o grande custo no desenvolvimento destes últimos kits é o da gestão da emulação da injeção de gasolina (para "enganar" adequadamente a ECU de gasolina, de modo a não aparecerem erros, e para preservar a integridade dos injetores de gasolina, evitando a pirólise no seu interior). Ora esta gestão pode depois ser aplicada também aos kits de GNV, aumentando a economia de escala.
Todas estas questões foram longamente abordadas num tópico do fórum antigo, que infelizmente se perdeu quase na sua totalidade:
forum-antigo/viewtopicd704.html?f=7&t=12971
Tomei a liberdade de mover o tópico para este fórum porque me parece mais adequado.
A sua pergunta faz todo o sentido.
A injeção direta líquida, ao utilizar os mesmos injetores da gasolina, permite manter todas as características e vantagens da injeção direta.
Todavia a sua implementação prática acabou por "esbarrar" com um problema(que por sua vez acarretou uma série de outros): o propano tem, ao contrário dos hidrocarbonetos que constituem a gasolina, e mesmo do butano, um coeficiente de dilatação térmico bastante elevado. Isto é, o volume ocupado por uma dada quantidade de propano varia muito com a temperatura(por isso é que os depósitos têm uma limitação de enchimento a 80%). Ora as temperaturas nos rails também variam muito durante a operação do motor, o que provocava pressões extremamente elevadas dentro do sistema de alimentação de combustível, sobretudo quando se desligava o motor, e deixava de haver recirculação de combustível.
Isto por sua vez levava a problemas de fiabilidade de curto-prazo (nomeadamente no arranque, alguns carros chegavam a arrancar apenas depois de vários minutos a rodar o motor de arranque) e de longo prazo(a nível de injetores e sobretudo bombas injetoras).
Para resolver este problema foram feitos no instalador FrontFuels uma série de testes com várias composições de GPL(% de mistura propano-butano) que me permitiram concluir que, para o nosso clima, no máximo poderíamos ter uma % de propano de 30% para que os sistemas de injeção direta líquida de GPL funcionassem bem com todos os códigos de motor.
Ora isso implicaria uma alteração da composição do GPL-Auto que passaria a ter características muito mais restritas(como acontece com a gasolina), o que nunca foi implementado pelos fornecedores, pois na altura a distribuição de GPL-Auto e de propano comercial era feita de forma indiferenciada.
A outra solução possível implicaria a instalação de um sistema de alimentação de combustível dedicado para o GPL-Auto no kit de GPL, em que apenas seriam utilizados os injetores da gasolina. Ora isto tornaria o custo do kit (que já na altura rondava os 2500-3000€) ainda maior, tendo a única empresa que se mostrou empenhada em "salvar" a injeção direta líquida(a Vialle) acabado por abrir falência antes de comercializar um kit com estas características.
Para além destas diferenças uma outra que identifiquei foi o da muito menor lubrificidade do GPL quando comparado com a gasolina, o que também poderia acarretar problemas a longo-prazo, sendo que a solução poderia passar pelo uso de aditivos.
Resumindo, de um ponto de vista prático e económico, a utilização de kits de injeção gasosa(indireta) em carros equipados com motores de injeção direta acabou por prevalecer. Acresce que o grande custo no desenvolvimento destes últimos kits é o da gestão da emulação da injeção de gasolina (para "enganar" adequadamente a ECU de gasolina, de modo a não aparecerem erros, e para preservar a integridade dos injetores de gasolina, evitando a pirólise no seu interior). Ora esta gestão pode depois ser aplicada também aos kits de GNV, aumentando a economia de escala.
Todas estas questões foram longamente abordadas num tópico do fórum antigo, que infelizmente se perdeu quase na sua totalidade:
forum-antigo/viewtopicd704.html?f=7&t=12971
Re: Injecção líquida
Gostava só de acrescentar alguns dados sobre esta questão da injeção liquida. Ainda hoje, existem a circular muitos veíulos com equipamentos de injeção liquida, quer motores de injeção direta quer de injeção indireta. Os que deram problemas no arraque a frio, foram essencialmente do frupo VAG equipados com bombas de alta pressão Hitachi (motores 1200 e 1400), nenhuns outros tinham este problema, a não ser algum defeito nos injetores de gasolina (que eram os mesmos do GPL).
A Vialle, depois de desnvolver o LPDi, desenvolveu o "DirectBlue", talvez o sistema mais evoluido que se fabricou até hoje de equipamrntos GPL. Tinha um sistema de criar e gerir a pressão do GPL próprio (independente do sistema de gasolina) que permitia mapear a quantidade de GPL dependendo de vários fatores, um deles muito importante como referiu o "rdd, a temperatura do GPL derivada do aumento de pressão. Tive a sorte de o ver funcionar em pleno, fizeram algumas tours pela Europa com veículos com este equipamento, entre as quais uma visita a Portugal, demonstrando a fiabilidade e eficiencia do mesmo. Infelizmente o investimento avultado no desenvolvimento, juntando a algumas dificuldades técnicas em alguns veículos, que para ser solucionadas defenitivamente obrigava a fabricar componentes que não existiam no mercado nessa altura (por exemplo eletrovalvulas que conseguissem atuar até 300 bares), juntando o valor elevado do equipamento para o utilizador final, levou à insolvência da própria empresa, com alguma pressão de importantes grupos do negócio do GPL que não interessava que esta tecnologia se espandisse no mercado.
A Vialle, depois de desnvolver o LPDi, desenvolveu o "DirectBlue", talvez o sistema mais evoluido que se fabricou até hoje de equipamrntos GPL. Tinha um sistema de criar e gerir a pressão do GPL próprio (independente do sistema de gasolina) que permitia mapear a quantidade de GPL dependendo de vários fatores, um deles muito importante como referiu o "rdd, a temperatura do GPL derivada do aumento de pressão. Tive a sorte de o ver funcionar em pleno, fizeram algumas tours pela Europa com veículos com este equipamento, entre as quais uma visita a Portugal, demonstrando a fiabilidade e eficiencia do mesmo. Infelizmente o investimento avultado no desenvolvimento, juntando a algumas dificuldades técnicas em alguns veículos, que para ser solucionadas defenitivamente obrigava a fabricar componentes que não existiam no mercado nessa altura (por exemplo eletrovalvulas que conseguissem atuar até 300 bares), juntando o valor elevado do equipamento para o utilizador final, levou à insolvência da própria empresa, com alguma pressão de importantes grupos do negócio do GPL que não interessava que esta tecnologia se espandisse no mercado.
Equipamentos de conversão de veículos a GPL.
Alex-Optima, Alex-IDEIA, V-Lube.
Alex-Optima, Alex-IDEIA, V-Lube.
Re: Injecção líquida
Fiquei confuso, então a injeção líquida usa os mesmos injectores de gasolina? Vi instruções de instalação que incluía instalar injectores ou isso era antigamente?
Re: Injecção líquida
Pois realmente há ai uma confusão.
Uma coisa são os kits de injeção líquida para motores de injeção direta. Nesse caso, como o injetor está colocado diretamente dentro da câmara de combustão, para manter a capacidade bifuel(isto é a de funcionar a gasolina ou a GPL) não é tecnicamente possível colocar outro injetor para o GPL. Assim o GPL terá de ser injetado utilizando o mesmo injetor da gasolina.
No caso dos kits para motores de injeção indireta é possível colocar injetores dedicados para GPL (ou pelo menos os respetivos bicos) no coletor de admissão, em paralelo com os injetores de gasolina.
Uma coisa são os kits de injeção líquida para motores de injeção direta. Nesse caso, como o injetor está colocado diretamente dentro da câmara de combustão, para manter a capacidade bifuel(isto é a de funcionar a gasolina ou a GPL) não é tecnicamente possível colocar outro injetor para o GPL. Assim o GPL terá de ser injetado utilizando o mesmo injetor da gasolina.
No caso dos kits para motores de injeção indireta é possível colocar injetores dedicados para GPL (ou pelo menos os respetivos bicos) no coletor de admissão, em paralelo com os injetores de gasolina.
Re: Injecção líquida
Depois de tudo o que foi dito ... existem kits de injeção gasosa para motores DI (B48), a prins tem, no entanto convém verificar com o instalador para o motor em específico.JoaoB wrote: Fri May 02, 2025 8:52 pm Boas,
Estou a considerar comprar um BMW serie 3 com o motor 4 cilindros 2L turbo que penso se chama B48.
Este motor tem injecção directa e parece-me a mim que a injecção liquida de GPL faria todo o sentido.
Fiz pesquisa mas não encontrei nenhum fabricante com um kit de injecção liquida para este motor.
Será que alguem sabe quem podera ter um kit, e se este sistema funciona bem como a teoria promete?
Obrigado
João B
Tem a vantagem de gastar até (questões técnicas) 20% de gasolina em simultâneo com GPL ...
Injeção líquida GPL morreu, por tudo o que foi dito e o novo paradigma elétrico ...
Re: Injecção líquida
Existem pelo menos 3 marcas de equipamentos que têm equipamento para a conversão desses motores. Existem alguns, quer só a gasolina quer híbridos, convertidos e a circular há uns 4 anos, pelo menos com kit Alex -IDEIA. Os consumos de gasolina dos equipamentos atuais são bastante inferiores aos primeiros kits que apareceram no mercado, por norma situam-se entre 5 a 8%, mas pode depender do código do motor.JoaoB wrote: Fri May 02, 2025 8:52 pm Boas,
Estou a considerar comprar um BMW serie 3 com o motor 4 cilindros 2L turbo que penso se chama B48.
Este motor tem injecção directa e parece-me a mim que a injecção liquida de GPL faria todo o sentido.
Fiz pesquisa mas não encontrei nenhum fabricante com um kit de injecção liquida para este motor.
Será que alguem sabe quem podera ter um kit, e se este sistema funciona bem como a teoria promete?
Obrigado
João B
Se lhe disserem que o não consome gasolina, isso é apenas tecnicamente impossível, só se realmente fosse com injecção liquida (que neste momento não existe)
Equipamentos de conversão de veículos a GPL.
Alex-Optima, Alex-IDEIA, V-Lube.
Alex-Optima, Alex-IDEIA, V-Lube.