Seja bem-vindo, @JoaoB.
Tomei a liberdade de mover o tópico para este fórum porque me parece mais adequado.
A sua pergunta faz todo o sentido.
A injeção direta líquida, ao utilizar os mesmos injetores da gasolina, permite manter todas as características e vantagens da injeção direta.
Todavia a sua implementação prática acabou por "esbarrar" com um problema(que por sua vez acarretou uma série de outros): o propano tem, ao contrário dos hidrocarbonetos que constituem a gasolina, e mesmo do butano, um coeficiente de dilatação térmico bastante elevado. Isto é, o volume ocupado por uma dada quantidade de propano varia muito com a temperatura(por isso é que os depósitos têm uma limitação de enchimento a 80%). Ora as temperaturas nos rails também variam muito durante a operação do motor, o que provocava pressões extremamente elevadas dentro do sistema de alimentação de combustível, sobretudo quando se desligava o motor, e deixava de haver recirculação de combustível.
Isto por sua vez levava a problemas de fiabilidade de curto-prazo (nomeadamente no arranque, alguns carros chegavam a arrancar apenas depois de vários minutos a rodar o motor de arranque) e de longo prazo(a nível de injetores e sobretudo bombas injetoras).
Para resolver este problema foram feitos no instalador FrontFuels uma série de testes com várias composições de GPL(% de mistura propano-butano) que me permitiram concluir que, para o nosso clima, no máximo poderíamos ter uma % de propano de 30% para que os sistemas de injeção direta líquida de GPL funcionassem bem com todos os códigos de motor.
Ora isso implicaria uma alteração da composição do GPL-Auto que passaria a ter características muito mais restritas(como acontece com a gasolina), o que nunca foi implementado pelos fornecedores, pois na altura a distribuição de GPL-Auto e de propano comercial era feita de forma indiferenciada.
A outra solução possível implicaria a instalação de um sistema de alimentação de combustível dedicado para o GPL-Auto no kit de GPL, em que apenas seriam utilizados os injetores da gasolina. Ora isto tornaria o custo do kit (que já na altura rondava os 2500-3000€) ainda maior, tendo a única empresa que se mostrou empenhada em "salvar" a injeção direta líquida(a Vialle) acabado por abrir falência antes de comercializar um kit com estas características.
Para além destas diferenças uma outra que identifiquei foi o da muito menor lubrificidade do GPL quando comparado com a gasolina, o que também poderia acarretar problemas a longo-prazo, sendo que a solução poderia passar pelo uso de aditivos.
Resumindo, de um ponto de vista prático e económico, a utilização de kits de injeção gasosa(indireta) em carros equipados com motores de injeção direta acabou por prevalecer. Acresce que o grande custo no desenvolvimento destes últimos kits é o da gestão da emulação da injeção de gasolina (para "enganar" adequadamente a ECU de gasolina, de modo a não aparecerem erros, e para preservar a integridade dos injetores de gasolina, evitando a pirólise no seu interior). Ora esta gestão pode depois ser aplicada também aos kits de GNV, aumentando a economia de escala.
Todas estas questões foram longamente abordadas num tópico do fórum antigo, que infelizmente se perdeu quase na sua totalidade:
forum-antigo/viewtopicd704.html?f=7&t=12971